Por: José Luís Carvalhido da Ponte | Past Governador Distrito 1970 | Rotary Viana do Castelo
A Professora Catedrática Aposentada da Faculdade de Farmácia da UP,Maria São José Alexandre, no âmbito da sua atividade pedagógica e científica na área da virologia, brindou-nos, no passado dia 24 de fevereiro, na sede do Rotary Club de Viana do Castelo, com uma atual e muito agradável exposição sobre o SARAMPO, uma doença que, nas suas palavras, “quase esquecemos graças à vacina”.
São suas as afirmações que vamos procurar sintetizar.
“O sarampo, a rubéola e a papeira, tradicionalmente conhecidas como doenças da infância, são hoje quase desconhecidas das nossas crianças graças à vacinação” e, sendo “o homem o único reservatório destes três vírus”, a sua erradicação é, teoricamente, possível e um dos grandes objetivos da Organização Mundial de Saúde (OMS), à semelhança do que aconteceu com o vírus da varíola.
Destas três doenças, o sarampo, ainda que habitualmente benigno, éa infeção mais gravee a mais contagiosa que se conhece, de entre as infeciosas,já que cada doente pode transmitir o vírus a 12-18 indivíduos, “por via respiratória através dos aerossóis e gotículas respiratórias (tosse ou espirro)”. Os primeiros sintomas, semelhantes aos de uma gripe, surgem 10 a 12 dias depois da incubação. A febre aumenta e, sepersistir elevada, significará complicações para o infetado, como encefalite, pneumonia, cegueira, surdez e morte.
Na era pré-vacinal, foi um grave problema de saúde pública que levou à morte de 7 a 8 milhões de crianças, por ano.
A vacinação em Portugal iniciou-se, em regime de campanha, em 1973 e, em 1974, passou a fazer parte do Programa Nocional de Vacinação. A partir de 1987 integrou a vacina trivalente VASPR: VA (de vacina), S (sarampo), P (papeira) e R (rubéola).
Risco da não-vacinação
Para interromper a transmissão do vírus e evitar surtos epidémicos, é necessária uma cobertura vacinal ≥ 95% e a nossa elevada adesão às vacinas fez do nosso país um exemplo para uma Europa ao ponto de, em 2015, Portugal ter obtido, da OMS, o estatuto de ‘País com eliminação de sarampo’.
Contudo, com a ‘falta de imunização nas populações mais desfavorecidas e os movimentos anti-vacinação’, a partir da década de 90, na sequência de um artigo fraudulento de Andrew Wakefield (1998) que associava, incorretamente, a VASPR ao autismo, o sarampo tem aumentado em toda a Europa de tal forma que, em Portugal, em 2017, ocorreram 29 casos com um óbito”.
A terminar a palestra, a Professora Maria São José propôs aos jovens presentes a leitura do livro ‘Paulo tem Sarampo’ pois, como afirmou, “é necessário começar pelas crianças e mostrar-lhes a importância da vacinação”.
Finda a sessão e depois de um breve diálogo, os responsáveis do clube para as Novas Gerações mostraram-se interessados para, em parceria com as escolas da cidade e dada a empática disponibilidade da palestrante, replicarem esta informação e, naturalmente, a correspondente preocupação.