Por Fernanda Godinho | RC Sintra
As sete áreas de enfoque do Rotary, enquadram-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, também conhecidos como Objetivos Globais. Estes foram adotados por todos os estados membros das Nações Unidas, em 2015, constituindo um apelo universal à ação, com o objetivo de, até 2030, se acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir que toda a Humanidade tem acesso à paz e prosperidade.
O Rotary desenvolve os seus projetos nas comunidades, tendo por base sete áreas de enfoque: Consolidação da Paz e Resolução de Conflitos; Prevenção e Tratamento de doenças; Água, Saneamento e Higiene; Saúde Materno-Infantil; Educação Básica e Alfabetização; Desenvolvimento Económico e Comunitário; Proteção do Ambiente.
O Rotary Clube de Sintra desenvolveu um projeto inovador, num Agrupamento de Escolas de Sintra, precisamente sobre as áreas de enfoque em Rotary. Em entrevista à companheira Fernanda Godinho, do Rotary Clube de Sintra, ficamos a conhecer melhor como decorreu este projeto.
Como surge a ideia do projeto e da exposição “Desenhos e Pinturas”?
Num contexto mais geral, a ideia do projeto surge para dar maior visibilidade a Rotary, levando o movimento a ser conhecido por um público cada vez mais vasto.
Numa perspetiva mais restrita, o objetivo foi a de dar visibilidade às atividades do Rotary Club de Sintra junto da sua comunidade, aproveitando a estadia de muitos rotários na vila de Sintra por altura da 76ª conferência rotária de 1960, na semana em que foi inaugurada a exposição.
A execução deste projeto baseou-se numa metodologia de trabalho colaborativo, numa interação constante entre o
Agrupamento de Escolas Monte da Lua – AGML e o RC de Sintra, tendo havido uma sintonia e uma recetividade da parte do agrupamento que importa aqui destacar.
Quais as fases da organização do projeto?
Depois de devidamente estudado o texto-base sobre as áreas de enfoque de rotary foi feito um outro texto mais restritivo e apropriado à realidade portuguesa de modo a tornar-se facilmente perceptível a um público não habituado à linguagem rotária.
Apresentei as linhas gerais da proposta do projeto ao clube, no conselho diretor e, posteriormente, em reunião de clube.
Após a concordância por parte dos companheiros e constituindo- se uma pequena equipa de trabalho, o projeto foi apresentado à direcção do AGML e a uma assembleia composta por representantes de alunos, pais, professores e funcionários Nessa apresentação foi feito um resumo de quem somos, o que fazemos, quantos somos no mundo e os princípios sobre os quais nos inspiramos para realizar as nossas ações.
Foram apresentadas as áreas de enfoque a diferentes níveis, respeitando as dicas e formas de entrar em ação a nível mundial, a nível local (como o Rotary Club de Sintra tem atuado em cada uma das áreas) e a nível da proposta deste projeto para os alunos das turmas dos jardins de infância e 1º ciclo do ensino básico do AGML.
Desta forma, foram propostos, para serem alvo de reflexão e debate, temas familiares ou facilmente apreendíveis
pelos alunos destas faixas etárias. Dá-se como exemplo o caso da área da “Paz e resolução de conflitos” em que se propôs a discussão do tema do bullying na escola, contudo, sem deixar de frisar sempre que outro tema poderia ser sugerido pelas escolas, desde que dentro da temática de cada uma das áreas de enfoque.
A direcção do agrupamento, pais e professores concordaram com as propostas apresentadas e o trabalho fluiu, tendo sido desenvolvido com a colaboração da Associação Portuguesa para a Inovação e Empreendedorismo Social e Digital no âmbito das AECS (a qual apoia as escolas nas atividades extracurriculares).
Quase todas as escolas trabalharam a totalidade das 7 áreas de enfoque e os temas sugeridos para cada uma delas.
Ficou acordado que os resultados dessas discussões e opiniões sobre os temas propostos, seriam expressos através de desenhos e pinturas que seriam alvo de uma exposição patente ao público.
Em termos de público abrangido, os números são significativos. Estiveram envolvidas 9 escolas, 2 das quais Jardins de Infância, 36 turmas, 16 professores e cerca de 720 alunos e, naturalmente, respetivos pais e encarregados de educação.
Alguns dos temas foram mais amplamente abordados, nomeadamente, os relativos ao ambiente (preservação e reciclagem), às profissões que os alunos gostariam de ter quando entrarem na vida ativa (alguns disseram que querem ser youtubers) e à saúde, especialmente no tocante aos cuidados a ter para evitar contágios de doenças, sobretudo da COVID 19.
Na área da paz e resolução de conflitos, foi, também, abordada a aceitação da diversidade de opiniões, de gostos e atitudes, bem como da cor da pele, sempre numa perspetiva da tolerância e de aceitação, fazendo todos parte de uma sociedade global.
Como decorreu a exposição dos trabalhos realizados?
A adesão e interesse manifestados por parte dos alunos foram enormes, o que resultou na exposição de cerca de 166 trabalhos individuais e/ou coletivos. Na sessão de abertura da exposição, estiveram presentes entidades ligadas à área da educação da Câmara Municipal de Sintra e o presidente da Junta da União de Freguesias de Sintra, bem como pais e alunos. Pela parte do movimento rotário, para além de alguns companheiros e amigos, tivemos o gosto
de contar com a presença do governador Paulo Martins.
A dar mais relevo à iniciativa, alguns dos alunos que estiveram implicados no projeto realizaram uma coreografia muito expressiva, alusiva à guerra da Ucrânia, tema que, como sabemos, cabe na 1ª área de enfoque.
Muitos pais e alunos estiveram, também, presentes. A exposição esteve patente durante uma semana no museu das artes da Vila de Sintra – MU.SA.