por Maria João Gomes
João Manuel Oliveira Antunes é companheiro do Rotary Club de Carnaxide e presidente da Associação Comercial e Empresarial dos Concelhos de Oeiras e Amadora, há duas décadas. Na linha da frente no apoio às empresas associadas, que enfrentaram desafios económicos fruto da pandemia, João Antunes alerta para a incerteza que ainda envolve o tecido comercial e empresarial e para as consequências sociais que podem afetar a sociedade. No mês dedicado ao desenvolvimento económico e comunitário, ouvimos as preocupações de quem está no terreno, como Rotário e profissional.
(PR) Portugal estava preparado, a nível empresarial, para se adaptar a uma crise pandémica?
(JA) Julgo que, na realidade, nenhum país estava preparado para enfrentar uma pandemia.
(PR) Quais os impactos da crise pandémica na economia local e nacional?
(JA) Estou convicto que esta pandemia deixará marcas profundas e de longo prazo na economia mundial, considerando que a sua duração e dimensão estão ainda rodeadas de enorme incerteza.
O impacto das dívidas contraídas pelas empresas e de particulares, para ultrapassar a paragem, pelo estado de emergência que vivemos, pode ter causado o risco de tornar essas empresas ingeríveis.
(PR) Os apoios lançados ajudaram a mitigar os efeitos?
(JA) Foram tomadas algumas medidas que ajudaram, como o lay-off. Contudo deveriam, na minha opinião, ser criados mecanismos que permitam a capitalização das empresas a fundo perdido.
(PR) O teletrabalho foi uma realidade – uma solução – para muitos. Como se adaptou o comércio, nomeadamente o comércio mais tradicional?
(JA) A restauração encontrou forma de mitigar o impacto da pandemia, introduzindo na maior parte dos casos o “Take a Way”. Para o comércio local, foi, e ainda está a ser, bem mais complicado.
(PR) Estes efeitos na economia acarretam consequências sociais?
(JA) Evidentemente. O impacto económico nas empresas acaba por conduzir a um aumento da pobreza, fruto do aumento do desemprego. O aumento do recurso ao teletrabalho também tem consequências
sociais na população.
(PR) De que forma o setor do comércio se reestruturou para fazer face às dificuldades?
(JA) O comércio tradicional tem pouca margem de manobra. No fundo, utilizou as ferramentas que tinha disponíveis: reduziu pessoas e os stocks.
(PR) Há formas de atuar, comportamentos empresariais, que mudaram irremediavelmente e que se manterão no futuro?
(JA) Sim, o digital ganhou espaço, que ainda não tinha, e permitiu diversificar os canais de distribuição. Em algumas situações vai manter-se, noutras pode perder a força. Mas é uma mudança irreversível.
O teletrabalho tornou-se uma realidade e uma dificuldade para as pessoas e respetivas famílias, em algumas situações é compatível com o regresso ao posto de trabalho como forma de conciliar família e trabalho. Creio que esta é uma forma de trabalho a manter.
(PR) Como é que o Rotary ajudou e pode ainda ajudar a mitigar estes efeitos?
(JA) A preocupação com as instituições e com as pessoas e a procura de soluções que minorassem os efeitos da pandemia, foram, para mim, uma constante nos últimos 18 meses. Em conjunto com a Câmara Municipal de Oeiras foram criadas esplanadas onde as não havia, sem custos para a restauração e foi criado um gabinete de apoio ao comércio.