Por: Silvia Triboni, Advogada, Jornalista e Maria João Melo Gomes, RC Parede-Carcavelos, Organização e Melhoria Contínua D1960 AR 2022-23
Rotary Means Business é um Grupo Rotário de Companheirismo, criado em Portugal, e promoveu um encontro, aberto a não rotários, que contou com a participação do Dr. Rui Ferreira, Presidente da Portugal Ventures, do Doutor Francisco Banha, Fundador da GesBanha e mentor dos Business Angels em Portugal e sua Excelência o Eng. António Costa e Silva, Ministro da Economia e do Mar.
Após a abertura oficial e Protocolar, a mesa redonda ,com o tema “Empreendedorismo e Capital de Risco”, composta pelo Dr. Rui Ferreira e Doutor Francisco Banha, foi moderada por António Ribeiro, Presidente do Rotary Club de Oeiras.
O mapeamento do ecossistema do empreendedorismo nacional feito pela Startup Portugal em 2022, registou 1.509 fundadores oriundos de 47 instituições de ensino superior em Portugal, de um total de 433.212 alunos matriculados em mais de 120 instituições de ensino superior, o que representa apenas 0,34%.
“O empreendedorismo continua a ser encarado na sociedade portuguesa como algo misterioso e sempre associado a alguma genialidade.”
Citando o Senhor Ministro da Economia e do Mar, “Infelizmente vivemos num país que, por motivos ideológicos, hostiliza as em- presas e os empresários, tratando o lucro como um pecado”.
Para Francisco Banha, a atividade empreendedora é uma “causa cívica”, a caridade é importante, mas só pode ser transmitida à sociedade se houver quem se predisponha a fazê-la e a investir nela.
Segundo Francisco Banha, 2/3 dos projetos que iniciam um processo de angariação de fundos são eliminados nos primeiros 5 minutos de avaliação, apenas 1/5 ou 1/3 destes seguem para as primeiras conversas. E estas são as principais razões: 36% apresentam produtos ou serviços que ninguém quer; a equipa não está adequada ao projeto ou o plano de marketing e vendas é insatisfatório. Esquecem que procurar clientes é mais importante do que procurar investidores, ou apenas pretendem participar em competições entre startups. Os empreendedores devem procurar Business Angels alinhados com o foco dos seus negócios.
É urgente promover o ensino do empreende- dorismo de forma não opcional: “O empreendedorismo é tratado na disciplina de cidadania com dezassete domínios, obrigatórios e opcionais – O Empreende- dorismo é opcional.”
Na investigação que realizou para a sua tese de doutoramento identificou 3.027 ações de formação em 2017/2018 e apenas 13 relacionadas com o empreendedorismo, 0,43% da totalidade. Apenas 0,26%, 185 dos 71.823 professores participaram destas 13 ações relativas ao empreendedorismo.
O Dr. Rui Ferreira resumiu alguns “segredos” da sua atividade: “O capital de risco é uma atividade de pessoas para pessoas, alocando fundos de entidades para investir em pessoas – talentos capazes e resilientes.” E ainda, segundo ele, “é muito importante que a saída do capital de risco do negócio seja bem feita.” Desinvestir com sucesso significa que a missão foi cumprida. O insucesso desta relação ocorre quando o empreendedor e o capital de risco estão desalinhados, o segredo está no equilíbrio. Deixou claro que no processo de identificação de talentos: “a mistura ideal de diferentes gerações é um fator de sucesso, a fórmula “WlN WlN” em que com o capital e o negó- cio se desenvolvem em conjunto, mas liderados sempre pelos fundadores”. No entanto, o insucesso faz parte deste paradigma e é a capacidade de antecipação, minimizando os insucessos e reconhecer os sucessos, que irá compensar as perdas.
Sua Excelência o Ministro da Economia e do Mar, Eng. António Costa e Silva, abriu a segunda parte deste evento com a situação atual da economia portuguesa.
Pandemia e guerras são eventos que provocam mudanças e indiciam o início de uma nova era. Sendo ainda cedo para se fazer esta avaliação é para todos evidentes que muito mudou na economia e no país nos últimos anos. O crescimento do PIB em 2022 resulta do dinamismo de três áreas económicas nacionais – o turismo (agosto foi o melhor mês de sempre) devido a políticas públicas bem desenhadas; a indústria metalomecânica e o calçado. Temos no nosso país muitas instituições cuja principal missão é desagregar. Diagnosticamos bem, mas não conseguimos trabalhar em conjunto para avançar depois do diagnóstico e temos muita dificuldade em prestar contas do que foi feito. E fundamental monitorizar as políticas, coisa que também fazemos pouco e corrigir o que não está bem.
“É com muita satisfação que acompanho o trabalho do movi- mento Rotário em Portugal, que é uma das organizações que se preocupa em agregar, em vez de separar”.
Existem 51 agendas nos setores tradicionais promovidas pelas empresas cujo objetivo é juntá–las aos centros de investigação e estas agendas estão a ser apoiadas pelo governo, sendo que as empresas têm uma licença social para operar e devem ser responsáveis pela sustentabilidade da sua ação.
Falando de investimento externo e do setor da energia, Portugal é o primeiro país a ficar ligado ao mundo inteiro por fibra ótica com 4 ligações e em Sines está projetado um investi- mento para instalação de uma “GlGAFACTORY” para produção de baterias.
No final ficou o balanço de um evento de excelência promovido no âmbito do intercâmbio de ideias, contactos, networking e, sobretudo, de Companheirismo, realizado com muito profissionalismo, com temas atuais e palestrantes que motivaram a audiência. Cerca de 60 pessoas assistiram ao evento entre rotários e não rotários.