Emília Nogueira
RC Chaves
Coordenadora da Iniciativa Presidencial Empoderamento de Meninas para o Distrito 1970
– Como é que os clubes têm aderido este ano a iniciativa de empoderamento de meninas/empowering girls, lançada pelo ex-presidente Shekhar Mehta e que Presidente do Rotary International, Jennifer Jones, decidiu continuar?
Antes de mais, quero começar por agradecer à Revista Portugal Rotário a oportunidade de, mais uma vez, permitir falar sobre a iniciativa presidencial Empoderamento de Meninas, assunto para o qual nunca é demais chamar a atenção.Indo agora, mais concretamente, ao encontro da questão colocada, devo confessar que este ano rotário tem havido menos adesão à iniciativa. No ano passado, apesar de a iniciativa ter sido inicialmente recebida com algumas reservas, os clubes acabaram por aderir com entusiasmo criando projetos muito interessantes. Este ano, como já referi, o entusiasmo esmoreceu um pouco, talvez, quem sabe, porque os esforços dos clubes se tenham direcionado mais para acudir à situação bélica ucraniana.
Apesar disso, ressalte-se, os clubes continuam a trabalhar no sentido de capacitar não só meninas,mas também mulheres adultas.
– E qual tem sido o impacto dos projetos na comunidade? Os projetos desenvolvidos pelos clubes são projetos continuados ou pontuais? Consegue dar exemplo de dois ou três projetos que se tenham evidenciado?
Os projetos apresentados são, de uma forma geral, continuados. Neste contexto, gostaria de destacar a atribuição de bolsas de estudo, o que é feito anualmente por alguns clubes, o enriquecimento da biblioteca de uma casa de acolhimento e melhoriadas condições de habitabilidade das meninas aí acolhidas, capacitarmeninas e mulheres através do conhecimento da escrita e da leitura, permitindo-lhes, assim, a inclusão na sociedade na dimensão laboral, social e familiar.
Destaco ainda dois grandes projetos que procuram clubes parceiros e que se situam na área da saúde, curiosamente, ambos na área oncológica. Um deles, noâmbito do cancro da mama, para a obtenção de um dispositivo para a deteção, em ambulatório, de lesões não palpáveis, permitindo que a doente, cuidadora de filhos menores permaneça o menor tempo possível ausente do seu seio familiar repercutindo-se numa carga emocional menor e com benefícios na recuperação física e psicológica. O outro projeto, mais amplo, este na área da medicina dentária, consiste no apoio nasconsultas prévias aos tratamentos oncológicos e no seguimento imediato após estes terminarem, por forma a evitar os problemas de saúde oral que advêm desses tratamentos.
– E o Rotaract e Interact? Têm aderido a este programa? Qual tem sido o seu contributo?
Sim, os clubes de jovens também têm aderido a este programa, seja em parceria com os clubes rotários, seja autonomamente. Recordo, por exemplo, o projeto “Empodera-te” que agrega o Interact e o Rotaract Club de Chaves direcionado para uma instituição de acolhimento de meninas.
Aproveito para salientar o papel desempenhado pelas Universidades Sénior de Rotary que estão também a desenvolver projetos que visam o empoderamento das meninas, quer, por exemplo, através da criação de enxovais para oferecer a jovens mães carenciadas da comunidade, quer através de criação de kits compostos por um vestido, roupa interior e pensos higiénicos reutilizáveis, mochila com algum material escolar, destinando-se estes kits a um país africano de língua portuguesa.
Atenta a realidade portuguesa atual, quais as áreas ainda não cobertas e que os clubes, nomeadamente os do 1970, poderiam intervir mais ativamente? Que tipo de projetos poderão desenvolver?
Apesar de estarmos a falar do Empoderamento de Meninas, penso que os clubes deveriam também pensar em projetos dirigidos a meninos, particularmente no sentido de os orientar para a Equidade, isto porque de pouco vale apoiarmos as meninas se os meninos continuarem a considerá-las inferiores. Só assim, hoje nenhuma menina ficaria para trás e amanhã, nenhuma mulher seria discriminada, por exemplo, profissionalmente, por ser mulher.
– Qual o plano de actuaçao do Rotary no Distrito 1970 para este ano rotário?
Tal como no passado ano rotário, vamos continuar a incentivar os clubes e a dar-lhes a ajuda necessária na consecução dos projetos que tiverem em mente.
– Alguma mensagem especial para os leitores?
Aos leitores quero apenas dizer que empoderar/capacitar meninas ou mulheres não é uma questão de feminismo. É uma questão de justiça social! Logo, devemos promover a igualdade de oportunidades a qualquer pessoa, desconsiderando o seu género e valorizando as suas qualidades.