Quem consultar o Manual de Procedimento (ao menos de vez em quando…) irá encontrar logo na sua primeira parte, a que tem como referência “Administração”, e no Cap. 3, o que é dedicado ao Rotary International, que é missão do nosso Movimento “servir o próximo, difundir altos padrões de ética e promover a boa vontade, a paz e a compreensão mundial…”.
Nesta edição, ouso chamar a atenção do leitor atento e fiel para a excelente entrevista concedida a “The Rotarian” por Gary Haugen, dirigente máximo da “Missão de Justiça Internacional”, uma organização que trabalha em estreita colaboração com a ONU. Haugen foi um dos principais oradores na mais recente Convenção do R.I.
Essa entrevista foca sobretudo o maior obstáculo que se nos coloca nos actuais tempos ao cabal cumprimento daquela missão: a escravatura. Isso mesmo, leu bem: a es cra va tu ra. Isto em pleno Séc. XXI e numa altura em que a grandíssima maioria dos países legislou já no sentido da abolição desse flagelo (o que mais recentemente o fez foi a Mauritânia, em Novembro de 1981), num processo continuado que teve início já no Séc. XVIII e que dá pelo nome de “abolicionismo”.
Calcula-se que existam hoje em todo o mundo à volta de 27 milhões de escravos, concentrados sobretudo em países árabes ou de confissão muçulmana. Foi a Organização Internacional do Trabalho (OIT) que, na sua Convenção 29, realizada em 1930, definiu o que deverá entender-se por “escravatura”.
Segundo a “National Geographic Society”, existem actualmente no mundo mais escravos que o número global alcançado através da soma dos que houve em quatro séculos de tráfico transatlântico!
As mulheres ocupam neste trágico panorama, uma absoluta vergonha da civilização, a parte mais significativa.
Neste mês o Rotary cumpre o seu 112º aniversário, um avantajado período de serviço constante que ele, pela mão de milhares de Rotários, Interactistas, Rotaractistas, Clubes e Distritos, já percorreu e, mercê de inúmeros projectos humanitários e não só, marcou e vem marcando com o selo da esperança e o sentido do progresso, e em todas as partes do mundo.
Mas, permita-me o leitor questionar, não teremos sempre comprometidos os nossos esforços em face da principal doença da Humanidade, que me parece ser a escravatura? Não deverá estar o combate, sem tréguas, a este flagelo ignóbil na linha de base de toda a nossa acção?
A dignidade da pessoa humana, onde quer que esta se encontre, dve, a meu ver, estar no cerne das nossas preocupações. E os valores da liberdade e da igualdade para todos afigura-se absolutamente essencial e ponto de partida para tudo o mais, o tal que “vos será dado por acréscimo”.
Lutar pelo extermínio da escravatura será difícil. Mas vale a pena tentar. É imperioso e inadiável que se tente e se ganhe essa luta.
Ajude, no âmbito das suas competências, a travar essa luta. Pouco que seja, o certo é que a soma dos esforços de muitos, vence. Seja um vencedor duma causa tão justa quanto esta.
E aceite um abraço amigo do seu Companheiro ao dispor,
ARTUR LOPES CARDOSO
Gov. 1988-89 (D.197) – Editor
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