Por Mara Filipa Ribeiro Duarte
2024 Rotary International Learning Facilitator
District 1960 Diversity, Equity and Inclusion Chair
Rotary Club Algés
***Comunicação DEI dirigida às centenas de governadores eleitos presentes em 9 de Janeiro de 2024 na sessão plenária da Assembleia Internacional de Orlando
Caros Companheiros
Confesso-vos que senti uma alegria enorme quando recebi o convite da nossa Presidente Eleita, Stephanie Urchick, para falar sobre o que significa pertencer a esta nossa organização; tive de agarrar na fita do tempo e chegar ao ano de 2001, ano em que entrei para o Rotaract Club de Algés a convite da minha Professora de História; eu tinha 18 anos e nunca tinha ouvido falar de Rotary. Passaram 22 anos, e hoje tenho 40 anos, e mais de metade da minha vida é pertencer a esta nossa organização.
O meu primeiro contacto com o Rotary foi pelos olhos das novas gerações, vontade de mudar o mundo não me faltava e hoje ainda tenho esse brilho no olhar porque pertenço ao Rotary.
Mas naquela altura, os jovens eram olhados com a distância de que éramos um programa de Rotary, não éramos rotários de corpo inteiro, nós só existíamos se os Clubes de Rotary nos apoiassem formalmente, e até nós tínhamos dificuldade de explicar se fazíamos o mesmo que o Rotary, e porque é que nos chamávamos de Rotaract?
Este pequeno exemplo vivido na primeira pessoa é o mote para lançar para esta nossa reflexão um tema fundamental para o reforço das estratégias do Plano de Ação do Rotary, precisamente no que diz respeito a Diversidade, Equidade e Inclusão na nossa organização.
E sabem porquê? Quando eu fazia parte do Rotaract e não me sentia integrada na organização, muitos outros sentiam o mesmo cá dentro. E o mundo, o que pensava de nós?
A nossa organização, nos últimos anos, deu passos decisivos para aumentar a nossa integração e o nosso sentimento de pertença em torno do Rotary. Olhe-se para o Elevate Rotaract, para a aposta na integração dos nossos Alumni, para os Grupos Rotary de Ação, para as nossas parcerias com outras organizações públicas e privadas, olhe-se para o Interact, olhe-se para a aposta no aumento da admissão e da participação das mulheres dentro do Rotary, olhe-se para a criação do Conselho da Diversidade, Equidade e Inclusão entre muitas outras ações.Eporquê?
O mundo coloca-nos diariamente desafios de proximidade, e uma organização como a nossa tem de estar na primeira fila de participação e de liderança pelo exemplo.
Quando dizemos que “Juntos, vemos um mundo onde as pessoas se unem…” pergunto-vos se são mesmo todas as pessoas, independentemente da sua etnia, religião, orientação sexual, do seu gênero, da sua idade, cultura, de serem pessoas com deficiência física ou intelectual?
São mesmo todas, todas as pessoas? Porque no fim do dia, estamos sempre a falar de seres humanos que têm o direito de ser respeitados, valorizados e integrados na sociedade onde
organizações como a nossa se unem para “entrar em ação para causar mudanças duradouras em si mesmas, nas suas comunidades e no mundo todo.”
E o que fazemos com esta mensagem tão poderosa?
Devemos começar pelo princípio e recordar o que é SER e ESTAR em Rotary.
Nós quando afirmamos que somos uma organização que tem como valores o companheirismo, a integridade, a diversidade, os serviços humanitários e a liderança, devemos depois traduzir os mesmos em ações concretas que façam sentir isso mesmo no dia-a-dia das comunidades que servimos.
Precisamos de ter essa legitimidade e credibilidade para agir, precisamos internamente de ser coerentes com essa mensagem para que lá fora sintam que o Rotary é uma organização aberta, diversa, equitativa e inclusiva.
E como fazer?
Deixar bem sinalizado nos Planos de Ação se todos os que o aplicam estão a ser coerentes com o SER e ESTAR em Rotary, com Diversidade, Equidade e Inclusão:
Há que lembrar de valorizar o papel que cada um pode dar na medida do seu conhecimento e disponibilidade à nossa organização, reforçando a mensagem que devemos cuidar de nós próprios, e ter tempo e espaço para a nossa vida pessoal e profissional. O equilíbrio é fundamental para termos uma organização com sócios motivados e cheios de energia para viver e espalhar Rotary em ação;
Considerarem no vosso Plano de Ação trabalhar com outras entidades e em áreas diferentes do que aquelas que habitualmente trabalham, desafiando-vos continuamente a conhecerem novas realidades e, por essa via, marcarem de forma positiva e até disruptiva a nossa forma de pensar e de estar em Rotary, não privilegiando aquilo que é mais fácil, mas aquilo que mais impacto gera pela nossa ação.
Solicitem a intervenção de pessoas, instituições, empresas, entidades públicas governamentais e demais stakeholders a desenharem convosco projetos com impacto. No meu Distrito, desafiámos os Clubes a fazerem Pequenos-Almoços Executivos de trabalho e com isto ganhou-se conhecimento, falou-se da Rotary Foundation e dos seus Subsídios, juntou-se esforços e já nasceram projetos com impacto na área da educação e da saúde como são exemplos 2 salas de estimulação sensorial para pessoas com deficiência física e intelectual;
Estabeleçam uma metodologia de avaliação trimestral do impacto da Diversidade, Equidade e Inclusão no Distrito e nos Clubes, ninguém pode melhorar aquilo que não mede e não conhece.
Chegados aqui, acreditem que a soma de todas estas ações vai resultar em mais imagem pública do Rotary. Podemos apresentar a nossa Rotary Foundation, mostrando em concreto como todos os dias colocamos sorrisos e damos conforto a quem mais precisa, como a nossa pegada de erradicação da pólio é fantástica e como todos, em parceria, em forte espírito de família rotária e sem olhar a barreiras podemos ser o farol que faz com que mais diversas pessoas se queiram juntar ao Rotary para tornar o mundo, um sítio melhor para SER e ESTAR em Paz e com mais compreensão mundial.
Fernando Pessoa, um dos mais conceituados poetas portugueses, disse um dia: “Tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
Lembrem-se, temos um sonho conjunto e temos de pensar como vamos dizer aos que não conhecem o Rotary porque estamos em Rotary e porque é que não queremos sair!