“Temos de fazer com que os nossos atuais membros se sintam realizados e integrados e até orgulhosos por fazer parte do Rotary”
Por: Helena Silva
O Presidente de Rotary International, Gordon McInally, visitou Portugal nos dias 2 e 3 de outubro, acompanhado pela esposa, Heather. Nesta deslocação –que não foi a primeira que fez a Portugal – teve oportunidade de conhecer alguns dos projetos de clubes dos distritos 1960 e 1970, e encontrar-se com muitos companheiros rotários. Em entrevista exclusiva à Portugal Rotário, o companheiro Gordon McInally confidenciou-nos que a sua primeira viagem a Portugal ocorreu em 2013, para a Convenção Internacional de Rotary, que teve lugar em Lisboa, tendo regressado mais tarde, com a esposa Heather, para umas férias no Algarve. Teve agora oportunidade de conhecer um país diferente, através dos rotários portugueses. Manifestou-se “impressionado” com o trabalho dos clubes, assegurando que pretende regressar em breve para descobrir mais sobre o país.
– Por aquilo que já conhecia e após o contacto que teve com alguns clubes rotários, qual a imagem que leva do Rotary em Portugal?
O que ouvimos e vimos dos clubes e membros do Rotary em Portugal deixou-me bastante impressionado. Senti o orgulho que têm por estar em Rotary e a paixão que demonstram por estar nesta organização e por servir. Tive oportunidade de conhecer projetos impressionantes que os clubes estão a desenvolver, a decorrer em Portugal, mas também no estrangeiro. Isso fez-me ter noção de que o Rotary é muito forte em Portugal. Eu defendo que o trabalho de Rotary não é feito nos nossos gabinetes, dentro de portas, é feito nos clubes e, por aquilo que vi, os clubes portuguesesfazem por Rotaryum trabalho muito bom e muito importante.
– Como se sente enquanto Presidente de Rotary International?
Estou a gostar muito. É um privilégio enorme, mas também uma oportunidade. O privilégio é ter a possibilidade de contactar com tantos rotários e membros do Rotarypor todo o mundo;e a oportunidade é poder partilhar as minhas prioridades para este ano e apontar o Rotary numa direção que sinto que deve tomar.
“Os clubes portugueses fazem por Rotary um trabalho muito bom e muito forte”
– Qual o principal objetivo, de entre as prioridades que definiu para este ano rotário, que gostaria de alcançar? Porquê?
Em Rotary temos apenas um ano para conseguir alcançar o que definimos: esse é o nosso grande desafio; temos de caminhar com muita rapidez para conseguirconcretizar o que desejamos. Mas não estou sozinho. Trabalho de perto com a companheira que me precedeu, Jennifer Jones, e a companheira que se seguirá, Stephanie Urchick.Há três coisas em particular que gostaria de conseguir alcançar até final do ano rotário. Obviamente que a primeira e grande prioridade de Rotary é a nossa luta contra a poliomielite. Temos todos de nos lembrar que temos de continuar a manter nesta causa o nosso foco. A erradicação da pólio é o nosso principal projeto e não podemos desistir até alcançarmos esse objetivo. Tem sido uma caminhada enorme, conseguimos reduzir muito os números, mas não podemos abrandar esta luta. E temos de estar todos juntos e focados em alcançar esta meta.
– E o segundoobjetivo…?
A segunda causa que me motiva é a saúde mental. Durante este ano, estou a colocar um foco especial nesta questão.
– E qual a razão principal para isso?
Temos de reconhecer que acabámos de sair de uma pandemia (Covid-19)que deixou no mundo uma marca de sofrimento. Uma grande parte dos que sofreram e ainda sofrem são os jovens. Seja na Edução ounas ligações sociais, tudo isso sofreu de forma abrupta com a Covid-19. Por isso, estou a encorajar o Rotary, por todo o mundo, para estar consciente desta situação e trabalhar nesta área, de forma a encontrar oportunidades – em parceria com outras organizações, governos e membros da sociedade –para conseguir ajudar as pessoas que estão a sofrer. Temos de olhar para dentro e perceber que mesmo nos nossos clubes há pessoas a sofrer por questões de saúde mental.
As estatísticas mostram que uma em cada cinco pessoas sofre devido a questões de saúde mental. Por isso, temos de estar atentos e aptos para ajudar.
“A erradicação da pólio é o nosso principal projeto e não podemos desistir até alcançarmos esse objetivo”
– E qual a sua terceira meta?
A terceira questão que saliento é o trabalho de continuidadeentre os companheiros rotários, ou seja, um foco especial nos presidentes dos clubes, nos líderes, para tentar lembrá-los que não somos deuses, nem reis(nem rainhas ou deusas), somos apenas rotários a dar o nosso melhor e a fazer o seu trabalho. Para isso, temos de olhar para todos, contar com todos e unir-nos porque queremos tornar o Rotary melhor no futuro.Só dessa forma iremos ‘Criar Esperança no Mundo’.
– Que conselhos daria aos clubes para que consigam atrair mais elementos das suas comunidades para o Rotary?
A primeira coisa é que precisam de ouvir as pessoas, sejam aquelas que manifestem interesse ou as que gostariam que ingressassem nos vossos clubes. Não esperem que elas cheguem e se conformem com aquilo que o clube é ou a maneira como sempre fez as coisas. Não, pelo contrário. Olhem para as pessoas e tentem descobrir quais são as suas paixões, o que as motiva e certifiquem-se de que há condições no clube para que possam fazê-lo. Se não houver, construam essas condições, em conjunto. Não ignorem as pessoas que se mostram interessadas no Rotary, mas que o imaginem numa caminhada de mudança e de futuro. Mas criem também oportunidades para que as pessoas percebam o caminho que Rotary fez e a essência de Rotary. Muitas pessoas juntam-se ao Rotary porque consideram que é um movimento importante, uma coisa boa para fazer. Têm expetativas, mas os clubes, muitas vezes, estão focados noutras questões – também importantes – como encontrar os próximos novos membros e não dedicam atenção a criar condições para que os seus membros se sintam integrados e úteis. Por isso, é importante que quando trazemos alguém para o clube, tomemos conta dessa pessoa. É como tratar um jardim: se plantamos uma flor, esperamos que crie boas raízes antes de plantar outra. Em Rotary é igual. Temos de fazer com que os nossos atuais membros se sintam realizados e integrados e até orgulhosos por fazer parte do Rotary.
“Temos de olhar para dentro e perceber que mesmo nos nossos clubes há pessoas a sofrer por questões de saúde mental”
– Que mensagem gostaria de deixar aos rotários portugueses?
Aos rotários em Portugal eu gostaria de dizer duas coisas: primeiro, gostaria de agradecer por tudo o que fazem. Como eu disse, o trabalho é feito pelos clubes e em Portugal os clubes estão a fazê-lo muito bem. Obrigado a todos os rotários pelo excelente trabalho que fazem todos os dias.
Mas também gostaria de reforçar esta mensagem: cuidem uns dos outros, em particular dos vossos novos membros, para que consigamos ver esta organização crescer. Temos novos e maiores desafios todos os dias. Por isso, precisamos de mais pessoas envolvidas para conseguir estender a nossa ação a tudo o que é necessário fazer para ajudar a fazer a diferença no mundo de hoje.