As Origens do Título
O título “PORTUGAL ROTÁRIO” é já bastante antigo. As ideias da criação de um Distrito Rotário em Portugal, assim como do lançamento de uma revista rotária portuguesa, surgiram do pensamento de um Rotário eminente, membro do Rotary Club de Lisboa, José da Cruz Filipe. A esse tempo – anos 30 do Séc. XX – o Rotary Club de Lisboa publicava um Boletim Mensal, excelentemente dirigido por ele, e é na sua edição de Fevereiro de 1935 que surge a notícia de que, na sua reunião de 3 desse mês, a Direcção do Clube, aceitando a proposta de Cruz Filipe, deliberara que se iniciassem os trabalhos necessários à concretização duma revista rotária nacional.
Como esta ideia andava associada à da criação de um Distrito Rotário, começaram, a partir daí, a realizar-se “Reuniões Magnas dos Rotários de Portugal”, uma iniciativa que foi como que a precursora da Conferência Distrital no nosso País.
O Compº. José da Cruz Filipe foi, pois, o obreiro quer da dinâmica da criação do Distrito, quer do aparecimento da Revista, para cuja denominação ele escolheu “PORTUGAL ROTÁRIO”. Nessa época, contudo, todas as publicações periódicas eram sujeitas a censura prévia da Comissão de Censura, que também era a entidade que teria de autorizar ou de rejeitar o seu título. Cruz Filipe logo requereu, em nome do Rotary Club de Lisboa, a aprovação do título aludido, mas a Comissão de Censura demorou longamente a despachar o assunto, o que causou sérios embaraços. É que havia compromissos publicitários que já tinham sido assumidos, e havia que respeitá-los mediante a sua inserção e divulgação, na data prevista, nas páginas da Revista.
A demora foi tanta que, como tinha sido previsto o aparecimento da Revista no decorrer dos trabalhos da “Reunião Magna” de 26 a 28 de Junho de 1936, na Curia, Cruz Filipe fez distribuir no decurso da sua sessão de abertura, a 26, um vistoso “Suplemento ao Boletim Mensal do mês de Maio do Rotary Club de Lisboa, onde se prova a existência dum PORTUGAL ROTÁRIO”, cuja capa foi da autoria do Pintor Prof. Pedro Guedes.
As Origens da Revista
1.ª Fase
É aqui, na referida altura, que surge pela primeira vez o título “PORTUGAL ROTÁRIO” e numa publicação que se considera um mero “suplemento” de Boletim. Esse suplemento foi distribuído sem autorização da Comissão de Censura, que ainda não tinha, sequer, autorizado o título. Aconteceu na 1ª “Reunião Magna dos Rotários de Portugal”. Tal “suplemento” tinha 16 páginas de textos e 27 páginas de anúncios, e era do formato A4. Surgiu tendo como Director, Cruz Filipe, e como Editor e Administrador Moitinho de Almeida. Foi um inegável acto de coragem do Compº. José da Cruz Filipe uma vez que a edição saiu sem a “carga” de Visado pela Comissão de Censura, donde resultar a responsabilização pessoal do Director.
É já em Junho de 1940 que surge como verdadeira revista nacional o “PORTUGAL ROTÁRIO”, a 2ª edição da Revista, só então se proclamando como “Órgão dos Clubes Rotários Portugueses”, isto após terem sido, entretanto publicados mais três Suplementos ao Boletim com tal designação: em 1937, 1938 e 1939, este último na 4ª “Reunião Magna” que teve lugar no Funchal de 12 a 15 de Maio. Foi um suplemento com 40 páginas de texto e 25 de publicidade.
Todavia, fora já em Abril desse ano que surgira a Revista “PORTUGAL ROTÁRIO” legalizada, com a sua 1ª edição, isto quando se andava nos preparativos das Comemorações do Duplo Centenário da Fundação e da Restauração da Nacionalidade. Nessa altura veio, finalmente, a autorização para o uso do título e em resultado da influência do Comissário Geral dessas Comemorações, o Dr. Augusto de Castro, ao tempo Director do periódico “Diário de Notícias” e membro do Rotary Club de Lisboa. Augusto de Castro foi falar com o Chefe do Governo, Prof. Oliveira Salazar, de quem era amigo pessoal, e logrou convencê-lo de que era idóneo e altruísta o trabalho desenvolvido pelos Rotários. E Salazar interveio directa e pessoalmente no desbloquear do problema.
A 1ª edição diz-se trimestral e dela não há, porventura, nenhum exemplar disponível. Em Junho de 1940 saiu a 2ª edição, sem publicidade e com 20 páginas. Os Rotários cotizavam-se para a Revista com 25$00 anuais, pagos em duas prestações semestrais. Nesta primeira fase, “PORTUGAL ROTÁRIO” veio a surgir sem grande regularidade: o nº. 3 saiu em Abril de 1941 e há depois uma nova edição em Maio de 1944.
A Revista vivia da enorme dedicação do Compº. José da Cruz Filipe. Mas, em 1945, ele viu-se injustamente envolvido num processo que lhe fora cavilosamente movido pelo Ministério do Interior. Vertical, como em tudo era, Cruz Filipe auto-suspendeu-se do seu Clube até que o caso se esclarecesse. Quando, finalmente, foi inteiramente ilibado, ele voltou a apresentar-se no Clube, mas não foi nele inequívoca e prontamente aceite (como devia tê-lo sido), pelo que Cruz Filipe demitiu-se e a primeira fase de “PORTUGAL ROTÁRIO” ficou por aqui.
2.ª Fase
O Compº. Domingos Ferreira, membro do Rotary Club do Porto, veio a ser um dos Rotários mais inconformados com a inexistência de uma publicação rotária digna desse nome, em Portugal. Foi, por isso, um Rotário que retomou a ideia de Cruz Filipe e o Rotary Club do Porto, graças ao seu labor e ao seu entusiasmo, veio a dispor dum Boletim notável a todos os títulos. Mas a ideia do “PORTUGAL ROTÁRIO” persistia parada.
É só em 1982 que, sendo Governador do então Distrito 196, o Compº. Mário Luís Mendes (1981-82), membro do Rotary Club de Coimbra, que a ideia duma revista rotária nacional volta a despertar. Contudo, Mário Mendes resolveu montar um esquema através do qual, e após sorteio, cada Rotary Clube de Portugal assumiria, mês-após-mês, a tarefa e os encargos da edição de cada número, sendo que o número de páginas e o conteúdo de cada edição ficavam ao livre alvedrio de cada clube responsável.
Este esquema não conferiu a indispensável regularidade à Revista, nem a dotou duma estrutura responsável que lhe mantivesse o ritmo editorial normal.
Nesta fase, que começou, justamente, com a edição da responsabilidade do Rotary Club de Coimbra, saíram apenas mais as edições da iniciativa dos Rotary Clubes de Tomar e de Vila Nova de Gaia, sendo esta a nº. 6?! (É que, no calendário que fora estabelecido, houve Clubes que, devendo tê-lo feito, acabaram por não editar número algum).
E ficou por aqui esta nova iniciativa.
3.ª Fase
Em 1983-84 acontece a criação de mais um Distrito Rotário em Portugal: passam a existir dois Distritos, o 196, cujo Governador foi o Compº. António Russel, membro do Rotary Club de Lisboa-Norte, e o 197, que teve como primeiro Governador o Compº. Nuno Argel de Melo, ao tempo membro do Rotary Club de S. João da Madeira.
Este resolveu retomar o estandarte do “PORTUGAL ROTÁRIO” e juntou à sua volta outros, designadamente o Compº. Octávio Lixa Filgueiras, membro do Rotary Club de Castelo de Paiva e figura de muito prestígio académico.
Cria, pois, uma pequena estrutura responsável, e a primeira edição sai, com a concordância de ambos os Governadores, em Viseu, quando nesta cidade se realiza a 1ª Conferência do novo Distrito. É a edição referente a Abril/Maio de 1984, já que a Revista seria, como ainda é hoje, bimestral. Era Editor Argel de Melo e seu Director Octávio Filgueiras. As suas primeiras edições tinham apenas 32 páginas. Hoje a Revista tem 40 páginas, incluindo páginas em quadricromia e páginas sem côres.
As suas sucessivas edições têm sido publicadas com absoluta regularidade desde então, e, por decisão do Conselho Director do Rotary International, “PORTUGAL ROTÁRIO” passou a ser considerada como Revista Regional Oficial do Rotary a partir de 1 de Janeiro de 1987, estatuto que ainda hoje mantém e o Rotary reavalia de cinco em cinco anos (como quanto a todas as Revistas assim classificadas).
Entretanto, em 25 de Fevereiro de 1989, com a presença de significativo número de Rotários de todo o País, foi outorgada em Fátima a escritura pública pela qual foi instituída a Associação PORTUGAL ROTÁRIO, que viria a ser a proprietária do título, como ainda hoje é, e se pauta por entidade responsável pela edição de publicações rotárias, dentre estas a Revista.
Com o falecimento do primeiro Editor de “PORTUGAL ROTÁRIO”, o Compº. Nuno Argel de Melo, em Dezembro de 1993, veio a ser designado para tal função, pela Direcção da referida Associação, o Compº. Artur Lopes Cardoso, membro do Rotary Club de Vila Nova de Gaia. Mais tarde passou a acumular com o cargo de Director mercê do passamento do primeiro Director, o Compº. Octávio Lixa Filgueiras.
“PORTUGAL ROTÁRIO” é o órgão rotário oficial para todos os países e territórios de língua portuguesa, com excepção do Brasil. Todas as suas edições são remetidas a cada um dos Rotários dos Rotary Clubes de Portugal, assim como para todos os Rotary Clubes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau (os de língua portuguesa), Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Pertence à Press Rotary Global Media Network.
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