O Prémio Nobel de Química deste ano foi atribuído ao Alemão Benjamin List, associado do Rotary Club de Mülheim a. d. Ruhr-Schloß Broich e o investigador norte-americano nascido na Escócia, David W.C. MacMillan. Ambos desenvolveram métodos para acelerar reações químicas.
Benjamin List, investigador no Instituto Max Planck para a Investigação no Carvão, em Mülheim, foi entrevistado em outubro por Florian Quanz para a Rotary Magazin.
Como soube que conquistou o Prémio Nobel da Química?
Esta é uma história incrível. Nesse dia eu estava a passear em Amsterdão com a minha mulher. Tínhamos assistido a um concerto por lá e escolhido um bom café para o pequeno-almoço na manhã seguinte. Pouco antes de fazer o pedido, o meu telemóvel tocou e minha mulher disse em tom de brincadeira: esta é “a chamada”! Ainda que soubéssemos que o Prémio Nobel de Química seria anunciado em três quartos de hora, realmente não estava à espera que fosse “a chamada”, até porque durante o processo de nomeação ouvem-se muitas piadas deste género. Não que me visse a mim mesmo como um (candidato), mas essa informação chegava aos meus ouvidos ocasionalmente nos últimos anos.
De qualquer modo, vi então um número desconhecido onde dizia Suécia em baixo. Olhei para a minha mulher em estado de choque, corri para fora do café e atendi a chamada. E era realmente “a chamada”. Foi inacreditável. Tive que fazer uma pantomima explicando à minha mulher, que ainda estava sentada no café a olhar para mim através do vidro, que estava a ser informado de que iria receber o Prémio Nobel.
Qual foi a expressão da sua mulher naquele momento?
Ela também ficou surpresa, obviamente. Ajoelhei-me um pouco para mostrar que estava quase a desmaiar de alegria. Foi um momento de que nunca me esquecerei.
Conseguiu tomar o pequeno-almoço tranquilamente depois?
Não. Em primeiro lugar, a qualidade do pequeno-almoço, infelizmente, não era a que esperávamos. Em segundo lugar, não consegui comer nada: simplesmente não dava… Foi bom ter sido informado três quartos de hora antes do anúncio para me poder preparar para o que aí vinha, mas o que é suposto fazer nesses três quartos de hora? Como se pode estar preparado para isso? Na verdade, de nenhuma forma. Pagámos apressadamente, passeámos um pouco mais à volta de Amsterdão e regressámos ao hotel.
Disse aos funcionários do hotel que era um vencedor do Prémio Nobel da Química?
Sim, comentei com eles. Ficaram muito satisfeitos, obviamente, e disponibilizaram um quarto separado para poder gerir a logística. Sentei-me lá e dei entrevistas, primeiro com a própria Fundação do Prémio Nobel.
Quantas chamadas recebeu naquele dia?
Não as contei. Ainda nem tive tempo de responder a todos os 600 e-mails mais os sms e mensagens WhatsApp.
É atualmente um constrangimento que o seu endereço de e-mail também esteja visível na página inicial do Instituto Max Planck?
Provavelmente sim. O meu endereço de e-mail é sempre incluído em publicações de revistas científicas. Se quiser, pode obter o meu endereço de e-mail num instante. A minha ambição é sempre analisar todos os e-mails da minha caixa de entrada em algum momento do ano. Mas acredito que isso não vai acontecer neste ano.
Como foi a receção no Instituto Max Planck para a Investigação no Carvão?
Foi incrivelmente linda. Foi um dos momentos mais bonitos da minha vida. Como eu não estava no Instituto quando o anúncio foi feito, eles tiveram tempo suficiente para se prepararem para a minha chegada. Temos um pátio no Instituto e, a cada segundo nível, existem varandas de fogo nas quais os membros da equipa estavam de pé. Todos batiam palmas e é claro que a imprensa estava lá e as câmaras da tv apontadas a mim. Mas não me apercebi de nada disso. Apenas vi todos os meus colegas a aplaudirem-me. A sensação de que todo o Instituto estava ali naquele momento, em ambiente de alegria e aplaudindo, era indescritível. Eu realmente pude sentir a verdadeira alegria. Os técnicos, os colegas da administração, os analistas, os químicos dos laboratórios, todos estavam lá e bateram palmas por cinco minutos. Em seguida houve um breve silêncio, enquanto respondia a algumas perguntas dos media, e depois houve mais cinco minutos de aplausos. O tempo parecia interminável naquele momento. Foi incrivelmente lindo.
Conseguiu encontrar algumas palavras ou foi um momento em que não sabia o que dizer a princípio?
Estranhamente, isso foi fácil para mim. Afinal não precisei de dar uma explicação complicada e mas foi uma ocasião bem disposta e descontraída.
Foi convidado para alguma celebração pelo seu clube Rotary?
Estamos em contato. Certamente haverá uma pequena celebração, mas quando iremos poder fazer isso ainda não
posso dizer. Mas, definitivamente, acontecerá. Veremos se poderei proferir uma palestra então também. Já tive confirmação para fazer duas palestras, uma sobre a minha vida como investigador e outra sobre a catálise (química) no geral. De qualquer forma, comemoraremos em grande estilo.