Há poucos dias, encontrando-me paciente e disciplinadamente numa fila a aguardar a minha vez de me ver atendido, fui gentilmente abordado por sorridente cidadão que me cumprimentou amistosamente e, no acto, me revelou ser membro de determinado Rotary Clube do nosso País. E dei comigo a pensar: aqui está um louvável comportamento de alguém que a mim mesmo, e naquelas circunstâncias, dificilmente poderia eu próprio ter tido.
E a razão era bem simples: eu levava o símbolo rotário na lapela do casaco, mas ele não. Ou seja, aquele Rotário teve maneira de detectar que também eu o era, mas eu não teria, nem tive, análoga possibilidade relativamente a ele uma vez que ele se não apresentava em público como tal (claro que a coisa seria diferente naquele quadro se, porventura, eu já o conhecesse pessoalmente).
Ostentar o emblema rotário – a Roda Dentada Rotária – é, a um tempo, um privilégio, um direito e um dever.
O seu uso torna-se legitimado pela circunstância de se ser Rotário, o que, desde logo, resulta, ou deve resultar, de um apertado crivo por que todo o candidato a Rotário teve de passar se as regras que presidem à admissão num Rotary Clube foram devidamente aplicadas. E estas regras, de resto claras na sua estatuição, podem ver-se plasmadas no Manual de Procedimento (no Estatuto do R.I., pág. 183, Art. 5-Sec. 2; Estatutos Prescritos para o Rotary Clube, pág. 264, Art. 7-Sec. 1 a 3; Regimento Interno do Clube, pág. 283, Art. 13). Assim, o simples facto de se ser Rotário constitui, por princípio, garantia de integridade pessoal, de competência e de probidade, de sentido do serviço de quem o é. Houve provas dadas e reconhecidas de tais atributos que estiveram na base do reconhecimento da Pessoa Rotária. Aqui não há, de todo, lugar a charlatães que se põem em bicos de pés presumindo de que têm predicados académicos fictícios ou fantasiosos (onde é que eu já vi disto?!…), ou licenciaturas dominicais (… c’oa breca!…), ou mesmo formações equivalentes a simples matrículas… (Ah!, Pois…). Há, isso sim, provas de vida concreta que abonam.
Depois, e justamente porque se foi reconhecido como Rotário, ostentar o emblema próprio é um direito cujo exercício é algo de que nos devemos orgulhar. Não é um mero ornato de “toilette”: é a afirmação de um estatuto a que se fez jus por direito próprio e univocamente aceite. Também aqui o Manual de Procedimento contempla (Glossário, pág. 302).
E, finalmente, é um dever, um dever que, ouso admitir, até em alguns clubes é uso penalizar quando não observado tal uso (aplicação benévola de multa a favor de The Rotary Foundation). E, inclusivamente, não custa admiti-lo, sem que todos tenham a consciência segura de que se estará perante uma infracção. É que o uso do emblema rotário não é, jamais, uma ostentação balofa ou mal cabida: corresponde a dar a conhecer aos circunstantes de que estão em presença de pessoa de bem, de pessoa confiável e prestável, de cidadão que, na sua pequena ou na sua grande medida, é veículo para a construção de um clima de confiança, de compaixão e de construção da Paz Mundial.
E isso constitui um apreciável contributo para a boa compreensão mútua, para a entre-ajuda, para a criação de relações amigas, duradouras e saudáveis entre toda a gente, seja qual seja a sua raça, o seu credo, a sua posição social. Encontrar-se perante alguém que traz consigo a roda rotária tranquiliza e confere vontade de aderir para “fazer o bem no mundo”.
Por isso, e muito mais que o espaço disponível não permite desenvolver mais, use o seu emblema de Rotário sempre (a mim, só quase me falta tê-lo no pijama…). Seja Rotário e diga aos demais que o é. Vai ver que a sua imagem acrescenta valor à imagem do Rotary. E isso importa.
Votos de um excelente ano de 2017, em todos os parâmetros do seu ao dispor,
ARTUR LOPES CARDOSO
Gov. 1988-89 (D.197) – Editor
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