De todas as Organizações Internacionais certamente que nenhuma outra é mais cara ao Rotary e aos Rotários quanto a Organização das Nações Unidas (ONU), um imprescindível instrumento para a caminhada persistente no sentido da Paz Mundial.
A estreita ligação entre a ONU e o Rotary vem desde as origens daquela, pelo que, evocando-a, teremos de remontar a um mundo acabado de sair da hedionda II Grande Guerra, ou seja a 1945 e à presidência do R.I. exercida pelo inglês Thomas A. (“Tom”) Warren. Com praticamente toda a Europa arrasada e sérias devastações noutros continentes, especialmente na Ásia e na África, todos sentiram a necessidade de recuperar as economias e de encontrar um meio que pudesse, pelo menos em alguma medida, evitar que voltasse a acontecer uma tragédia da dimensão que a referida guerra atingira.
Em Abril de 1945 juntam-se na cidade de San Francisco (Califórnia, EUA) delegações de 50 países e é nessa altura que é votada e assinada a Carta das Nações Unidas. Foram mais de 40 os Rotários que então ali estiveram, entre Delegados, Conselheiros e Consultores, e contribuíram para a redacção de tão importante documento constitutivo. Dentre eles avultou a figura do ex-Vice-Presidente do R.I., o filipino Brigadeiro-General Carlos P. Rómulo, membro do Rotary Club de Manila, um orador nato, que foi o primeiro Presidente da Assembleia Geral da ONU.
Actualmente, o Rotary tem 23 Rotários como seus representantes nos três Escritórios de que dispõem as Nações Unidas e nos seus dez Departamentos especializados. Existe mesmo, na dinâmica da ONU o Dia do Rotary International, que se assinala todos os anos.
Há cerca de 1.500 ONG de todo o mundo com relações institucionais com a ONU. Todavia, nenhuma com a importância e a dimensão do Rotary, que desde sempre tem assento no seu Conselho Económico e Social (ECOSOC), um órgão que superintende em muitas agências especializadas.
É extraordinariamente interessante analisar a evolução do modo de funcionar da ONU desde o seu início. Um pouco ao jeito do que acontecera com a Sociedade das Nações que, com análogas intenções, surgira da iniciativa dos países beligerantes que tinham saído vencedores do conflito de 1914-18, também a ONU ainda apresenta tiques de idêntica origem: veja-se o seu Conselho de Segurança com seus 5 membros permanentes e com o direito de veto. Mas tenho a firme convicção de que chegará o dia da total paridade.
Todavia, já deu passos notáveis noutros domínios, particularmente no processo que leva à designação do seu Secretário-Geral, o mais alto posto no contexto mundial. Depois de anos e anos de jogadas de gabinete obscuras, de tratos de influência de bastidores através dos quais era escolhido quem haveria de a dirigir, eis que a ONU adoptou, finalmente, um processo de selecção exigente e transparente para o efeito. Um enorme avanço democrático, um patamar bem mais elevado no caminho para a Paz Mundial. E nenhum Rotário deixará, por certo, de aplaudir este “virar de página”.
Porém, o Rotário Português encontra neste processo uma razão acrescida para se regozijar e se sentir justamente orgulhoso: o aclamado, e por unanimidade, foi um Português – o Engº. António Guterres – o melhor dentre todos os mais que uma dezena de candidatos de várias proveniências mundiais!
Em paráfrase de certa mensagem publicitária de um café que ainda se vê/ouve por aí, cabe perguntar também: “Que outro?!”
Desculpe-se-nos a prosápia, quiçá imodéstia: não é mesmo o gene português o que, historicamente, melhor consegue concertar? Claro que sim e, com um Secretário-Geral da ONU luso melhores perspectivas se abrem, por certo, para mais assertivo caminho para a Paz.
Artur Lopes Cardoso
Gov. 1988-89 (D.1970)
Editor
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