Vinte e nove anos, atriz, voluntária por paixão e Representante Distrital Rotaract (2016-2017) do Distrito 1960. Os meses que passou no Quénia marcaram a sua vida.
Sempre gostei de contar histórias, as minhas e as dos outros. Gostava da ideia de poder entreter as pessoas, de sentir que me ouviam. Quando consegui dar um nome a este desejo, e encontrar um curso que se adequasse, fiquei nas nuvens. Era o teatro.» Diana Nicolau descreve assim o nascimento do seu amor pela representação.
Desde pequena, Diana participava em todos os clubes de arte escolares, encenando e interpretando espetáculos. Foi aos 15 anos que o sonho de ser atriz começou verdadeiramente. Natural de Alcobaça, mudou de cidade, um ano depois, para ingressar numa Escola de Teatro. «Mudei-me para Cascais, sozinha, e comecei o sonho. Foi o início de tudo.»
Estreou-se em televisão, com vinte anos, na novela da TVI «A Ilha dos Amores», e no ano seguinte entrou para a série juvenil «Morangos com Açúcar», com um papel que lhe traria reconhecimento. «Os dois anos em que estive na série ‘Morangos com Açúcar’ foram incríveis. Nunca senti, ao acordar, que ia trabalhar. O cansaço era tanto que depois de 12 ou 13 horas a trabalhar, 6 dias por semana, chegava a casa e só conseguia chorar. Mas, no dia seguinte acordava feliz por repetir tudo outra vez.»
Nesse tempo, Diana descobria uma outra paixão. Ajudar os outros. «Tenho vontade de fazer tanta coisa que não está ligada à representação, que não é difícil imaginar-me a fazer outra coisa qualquer […] Nunca teria um emprego rotineiro, não passaria o dia sentada em frente a um computador nem a falar ao telefone, certamente não daria aulas, nem estaria ligada às ciências nem às economias.»
A atriz é membro do Rotaract, clube parceiro do Rotary, desde os 19 anos e tomou posse, este ano (2016-2017) como Representante Distrital Rotaract do Distrito 1960. Começou, em 2006, por ajudar a fundar o Rotaract Club de Alcobaça, e em 2011 participou na reativação do Rotaract Club de Lisboa, onde permanece até hoje. Nos dois clubes participou em diversos projetos no âmbito da comunidade. Idas à praia com crianças desfavorecidas, tardes de jogos e visitas a estádios de futebol, «tentamos proporcionar a quem mais precisa, dias inesquecíveis, para que os seus dias sejam menos cinzentos.» Para além disso «fazemos muitas recolhas de produtos alimentares e de higiene para entregar nas rondas regulares que participamos com o CASA (Centro de Apoio ao Sem Abrigo).»
Uma das histórias que mais a marcou, foi a da D. Margarida, de 83 anos, que pedia dinheiro à porta do shopping Amoreiras: «O André Mendes, ex-sócio do Rotaract Club de Lisboa, conheceu-a e descobriu que pedia dinheiro para comprar medicamentos. Rapidamente se ofereceu para os pagar. Descobriu também que a senhora tinha um problema grave na vista que lhe tirava mais de 70% da visão de um olho e levou-a ao oftalmologista que lhe receitou usar óculos. Foi aí que o Rotaract entrou em acção.» Na altura, Diana estava a gravar a novela «Mar Salgado», e conseguiu que uma ótica pagasse os óculos à D. Margarida em troca de publicidade gratuita dos seu colegas atores. «Mais tarde encontrei-a, por acaso, na farmácia. Disse-me que no dia em que recebeu os óculos ficou sentada o dia todo ‘num banquinho’ a olhar para a fotografia do falecido marido, pendurada na parede, e que a má visão, já não a deixava ver há anos: ‘Já nem me lembrava da cara dele. Graças a vocês, agora vejo a vida como ela é’.»
Para este ano rotário, Diana destaca o projeto (que engloba os dois distritos portugueses 1960 e 1970) Floresta Rotaract. «Iremos reflorestar uma área ardida do nosso país, o Caramulo. Milhares e milhares de árvores que serão parte da herança de Portugal, tal como o Rotaract dos dois distritos quer ser para o mundo.» Este projeto começou no início deste ano com o «Rotaract in Rio», que consistia na venda de kits para o Rock in Rio Lisboa onde parte da receita reverteria para a Floresta Rotaract.
Apesar dos «muitos compromissos», Diana garante que «só assim é que sei viver.» Mais do que isso, «agrada-me encontrar no Rotaract, pessoas com o mesmo espírito de entreajuda e altruísmo, mesmo que sejamos muito diferentes uns dos outros, convergimos todos neste ponto e isso é muito raro e muito bonito.»
Foi através do Rotaract que Diana conheceu outro projeto de voluntariado no Quénia, que a iria marcar para sempre, o From Kibera With Love. «Um dia acordei a pensar que queria ir para lá,» recorda o momento em que decidiu que queria viajar para esse país africano e ajudar em tudo o que conseguisse. «Queria estar no terreno e ver com os meus olhos que realidade era aquela que ouvíamos falar. Fui com dois objetivos: levar ajuda, e perceber o que podia continuar a fazer quando regressasse a Portugal.»
Os meses que aí passou foram marcantes: «Há histórias que evito relembrar e contar por serem tão chocantes. Passei lá dos melhores e dos piores dias da minha vida.» Diana recorda, com tristeza, que as meninas da favela rapam o cabelo para serem mais facilmente confundidas com rapazes e assim escaparem a uma violação, que famílias de oito pessoas vivem em barracas de dois metros quadrados, que as crianças e mulheres «valem menos que o gado», que o dinheiro resolve tudo e que «a ajuda não chega às favelas porque o Governo não tem interesse.»
Durante a estadia no Quénia, A atriz conheceu outro projeto de voluntariado, com o qual se identificou imediatamente: O Há Ir e Voltar, de uma portuguesa natural de Amarante, Diana Vasconcelos, que vive há dois anos nesse país africano e que «dedica os seus dias a dar uma melhor vida a mais de 200 crianças» em risco. A Representante do Rotaract está agora inteiramente ligada a este projeto que pretende angariar dinheiro para reconstruir uma escola na favela de Mathare, nos arredores de Nairobi. «Queremos reconstruir esta escola, e dar-lhes o básico. Comida, roupa e educação. A única forma de mudar o curso desta história é através da educação.»
Este mês, setembro, Diana regressa ao Quénia, apenas por duas semanas, pois a «agenda de Representante Distrital não deixa estar fora de Portugal mais tempo.» Neste período irá supervisionar a construção da escola, substituindo a Diana Vasconcelos, ausente em trabalho.
Para Diana, ser membro ativo do Rotaract «fomentou» este desejo de ajudar os mais desfavorecidos e de fazer voluntariado. Além disso, o Rotaract Club de Lisboa, em conjunto com outros clubes Rotary e Rotaract, fizeram várias ações de angariação de fundos para a sua missão e para o projeto Há ir e voltar. «É impossível enumerar todos os companheiros, mas a família Rotária tem sido bastante generosa. Não há palavras de agradecimento que cheguem para todos vós! Isto é Rotary ao serviço da Humanidade.»
Pode encontrar mais informação sobre este projeto na página do Facebook Há ir e Voltar. E se quiser ajudar, pode fazê-lo através de transferência bancária para:
IBAN: PT50 0035 0995 00051404130 95
Beneficiário: Diana Cláudia Vasconcelos Ribeiro Teixeira
«Pesquisem, partilhem e lembrem-se que a educação é a arma mais poderosa que podemos dar a alguém. O Rotary faz parte disso», despede-se a atriz em tom de apelo.
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